sábado, 25 de dezembro de 2010

sobre escrever

As vezes, escrever é muito difícil. Isso é um saco. A proposta é tão simples, é algo tipo "pense em alguma coisa e transforme ela em palavras, digite tudo e aperte um botão laranja".

Ok, baby steps então.

Pensar em alguma coisa é a parte mais difícil e tem um monte de coisas pra levar em consideração. Vai dizer que não é fácil cair em uma corrente de pensamentos chatos do tipo "Posso realmente expor qualquer coisa? O que penso é interessante? Este pensamento tem a ver comigo? O que tem a ver comigo? Eu sou interessante? QUEM SOU EU?" - enfim, é só pensar um pouquinho mais do que o necessário. Aparentemente, a melhor escolha fica sempre em um tema de profundidade média (pra satisfazer o lance defensivo), cheio de entrelinhas (pra satisfazer o lance de se expor). Tá, parem de procurar neste texto o que eu acabei de dizer, ok?

Transformar em palavras é aquela hora na qual a gente se quebra pra tentar ser inteligente, porém descolado; legal, porém despreocupado; confiante, porém humilde e acessível, mas não demais. Ah, e é como se tu tivesse que parar pra te ouvir.

Digitar é encarar que tu imaginou que o teu texto seria uma coisa e na verdade ele é outra. Tem aquele quê de vida real - "achei que ia sair uma pizza, mas isso aqui tá mais pra uma lasanha (e até que tava boa, sabe)".

Apertar o botão laranja é assumir a responsabilidade por todos os passos anteriores. E ainda assim, é de longe o mais fácil.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

we're back.

Ok, vou retomar esse blog.
Preciso de um espaço pra falar sozinho - ou melhor - falar ALTO sozinho. Não é a mesma coisa se alguém não ouve, né? Talvez esse seja o motivo pelo qual esses blogs são legais.

Tem muita coisa acontecendo. É, acho que esse é um bom jeito de começar.

(Tá, vai ser assim então.)

Tem muita coisa acontecendo! E adoro sentir que estou sendo o protagonista das coisas que acontecem comigo. Porém, é pesado sentir o meu coração nas minhas mãos. Acho que essa é a melhor descrição pra sensação de responsabilidade pelas minhas ações e pelo resultado das mesmas. Não é como se a minha felicidade dependesse de qualquer pessoa que não fosse eu e antes as coisas simplesmente não eram assim. Por que diabos, nos últimos dias, o mundo resolveu que eu deveria dar um empurrão em absolutamente tudo que eu quizesse ver acontecer do meu jeito? Será que sempre foi assim e eu só estou me dando conta disso agora?

A moral é que "descobrir" é só um termo criado para resumir uma expressão que seria algo tipo "perceber algo que ninguém tinha percebido antes". Eu quero muito descobrir o que eu preciso pra tirar esse sentimento de mim. Então eu observo tudo - minha respiração, minha postura, a minha sensação térmica, a imagem que me cerca, em cada sutil detalhe, e aonde vai a minha mente se eu deixar que ela apenas vá. E nada disso me diz o que eu quero ouvir.

O mais engraçado disso tudo é ver que as pessoas realmente não se dão conta do que se passa dentro de mim. Parece que pra elas eu vou sempre ser aquele Maurício sorridente, confiante, com algum pulo do gato sobre a vida na ponta da língua e uma bela guitarra empunhada nas mãos, ecoando alto pelo lugar. And goddamn, I wish I was.

Eu quero colo. Quero me sentir abraçado pelo mundo, quero sentir que ele ainda sabe quem eu sou quando olha nos meus olhos. A questão é, se ele me conhece, ele sabe que eu vou transformar ele até ficar satisfeito com os resultados. E talvez crescer seja isso - passar um bom tempo testando a vida até achar um ponto confortável. Foi?

"We live so subserviently
Accepting all normality
Drenched with routine
Doused in the foreseen
And yes, granted we do prosper.
But the fact that we prosper
Is even taken for granted."

Enter Shikari - Gap in The Fence